sexta-feira, 15 de outubro de 2010


A morte de uma

Estrela

O que faz uma pessoa viver em um mundo totalmente ilusório?

Onde o querer dos outros impera sobre a sua própria vontade.

Uma coisa é certa, em algum provável momento da nossa vida, acordamos desse mundo e percebemos que vivíamos em um meio em que a opinião dos outros estava acima da nossa. Percebemos então, que sempre existiram duas estradas, uma pela qual podemos sonhar e trilhar pela nossa própria vontade e a outra impulsionada pela vontade e desejos de pessoas que influenciam em nossas vidas.

No caso da jovem Maria Lina, ou Marilin, como gostava de ser chamada, mas não o era. Sempre foi alienada e inconsciente sobre o mundo em que vivia isso fez com que fosse influenciada pelo pensamento dos outros. Talvez tudo isso fosse diferente se sua família não fosse tão desestruturada.

Quando ainda tinha 4 anos, Marilin perdeu sua mãe que morreu no parto, ao dar a luz a sua irmã mais nova. Viúvo seu pai casou-se novamente, mas, a sua madrasta a maltratava muito e tão pouco a influenciava positivamente. As agressões e os abusos eram constantes, não se passava um dia sem que sua madrasta não batesse em sua cabeça com força. O seu pai de nada sabia, pois trabalhava muito e quando tinha alguma folga ia para um bar.

Anos mais tarde aos 18 anos, Marilin já havia se tornado um a moça e continuava vivendo a margem dos outros. Mas, mesmo assim, ela possuía um sonho secreto, de ser uma famosa atriz, de se tornar uma grande ESTRELA e que todos a notassem.Uma coisa que ela achava que era impossível. Pois além de achar que não possuia muito talento, não tinha muitos atributos de beleza. Mas isso não a impedia que esse sonho existisse.

Contudo, sua vida quase não mudara, quero dizer, até agora. Pois com o aparecimento de sua prima Sueli, que era um pouco mais velha e também mais esperta, veio o inesperado convite, o de ir embora daquela cidade Sergipana e ir para São Paulo, em busca de uma vida melhor. Só que ela não iria sozinha, por isso fez o convite a Marilin que de tanta insistência acabou resolvendo ir.

Os dias passaram- se rápido e logo as duas estavam desembarcando na grande São Paulo. Elas se hospedaram em uma pensão onde residiam muitos nordestinos. Mas a vida não foi tão fácil quanto elas imaginavam.

Sueli conseguiu um emprego de balconista e Marilin um emprego de doméstica, por indicação de Josefa, a dona da pensão. A casa onde trabalhava pertencia a uma viúva bastante rica chamada Paulina. E por mais que se esforçasse em agradar a sua patroa era em vão, pois ela nunca estava satisfeita com nada.

Mas foi lá que conheceu o seu ícone maior, Grace Kelly, considerada por ela a mulher perfeita e um exemplo a ser seguido. Nos seus sonhos imaginava-se famosa tanto quanto sua diva. Mas, ela sabia que não podia ultrapassar as barreiras da sua imaginação.

E assim um ano se passou e por mais que trabalhassem parecia que não saiam do lugar, pois as despesas eram muito altas. Enquanto Sueli se maldizia e não pensava em outra coisa a não ser o de enricar. Marilin já se acostumara àquela vida e havia até arranjado um namorado chamado Carlos, onde já pensavam em casar-se.

Só que, se ela era totalmente alienada de si e da sociedade, ele era ainda muito mais. Vivia a mercê dos favores dos outros e de bicos que lhe arrumavam. Nunca arquitetou sonhos e projetos para a sua vida.

E nesse cotidiano, seguia Marilin a sua vida, calma, simples e monótona. Mal sabia ela que tudo estava prestes a mudar.

Cumprindo com suas obrigações, ela foi trabalhar e chegando a casa de Dona Paulina, percebeu um silêncio incomum e notou que a patroa não estava no lugar de costume, que era uma poltrona onde ficava contando os minutos que ela chegava atrasada.

Foi quando ouviu um choro que vinha do quarto dela. Ao adentrar o seu aposento viu uma cena que nunca havia se deparado antes. Dona Paulina estava chorando debruçada sobre a cama.

Marilin foi logo perguntando o motivo de tantas lágrimas. Ela não se conteve e disse que sua vida não tinha sentido. Na verdade, nunca teve. Pois sempre viveu os sonhos dos outros, em favor dos outros. Nunca em seu favor.

Viveu para o marido e seus filhos. E quando seu marido morreu e seus filhos foram estudar em outras cidades, ela se deparou sozinha. Sem família, sem sonhos, sem motivos para viver. Percebeu que nunca viveu os seus sonhos e sim os dos outros. Por isso o motivo de tanta tristeza e lágrimas.

Chegando as palavras finais ela deu um conselho a Marilin, o qual ela jamais esquecera. Que nunca vivesse os sonhos dos outros, que corresse atrás dos seus. E que não deixasse que ninguém destruísse os seus objetivos.

Nesse dia Dona Paulina dispensou Marilin mais cedo. Que ouviu tudo calada e do mesmo jeito saiu da casa. Por todo caminho pensava nas palavras ditas por sua patroa. Foi a primeira vez que alguém falou isso para ela, de forma que a impactou muito. Mas isso, ainda não foi o suficiente para fazê-la enxergar de vez como era realmente a vida que ela levava.

Voltando para a pensão cedo, o que não era de costume, acabou por presenciar uma cena que foi o que faltava para ela acordar do seu mundo ilusório. Sua prima e seu namorado estavam se beijando. Eles mantinham um relacionamento secreto há vários meses. Isso foi à gota d’água para ela. Que no mesmo instante terminou tudo com Carlos e saiu da pensão aos prantos.

Um filme passava-se em sua mente, nesse momento lembrava-se dos maus tratos sofridos por sua madrasta os quais ela nunca reagira. Lembrava-se também das palavras de Dona Paulina e percebeu que não queria viver como ela. Não queria mais que as pessoas a influenciasse. Foi quando passando em frente à vitrine de uma loja viu no vidro o reflexo da imagem de Grace Kelly. Fazendo com que a lembrança do seu sonho fosse resgatada. Foi quando decidiu ir atrás do seu sonho de ser uma grande atriz.

Foi a primeira vez que ela encorajou-se para ter esperança. No dia seguinte, fez inúmeros testes para diversas escolas de teatro. Mas, todos sempre diziam a mesma coisa, que se caso ela passasse eles mandariam uma carta, esta que nunca chegava.

Meses passaram quando chegou uma carta endereçada a Maria Lina Pereira. Finalmente chegara a tão esperada carta. Que trazia o convite de uma escola de teatro para um teste de um possível papel.

Naquele papel estava o que ela tanto esperava a oportunidade de se tornar uma ESTRELA. Todos se alegraram junto com ela e decidiram comemorar. E foram todos para um restaurante. Na volta, estava chovendo muito forte e o carro que eles viam bateu em outro carro e capotou.

Era o fim da nova vida que Marilin estava prestes a começar. Quando encontraram os corpos já era quase de manhã, e ao retirarem ela, notaram que estava gélida e com os olhos fitados para o céu como que observando as ESTRELAS, aquilo que ela tanto sonhara ser. Afinal, foi isso o que ela acabou se transformando.

Aluna: Camila Conceição Vieira

1º Ensino Médio Integrado em Informática

Um comentário:

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.